‘Eu, Tonya’ retrata de forma dinâmica e humor sombrio a história da patinadora artística
By Isabella Jarrusso - sexta-feira, março 02, 2018
Por Isabella
Jarrusso
Contém Spoliers
Contém Spoliers
A trajetória de Tonya Harding foi cheio de altos e
baixos.De origem humilde, ela teve uma infância nada de família tradicional, algo que
dificultou a sua imagem como atleta de patinação artística. Mesmo sendo
controverso, Tonya provava que tinha talento impecável para o esporte.
Mas, algumas decisões erradas destruíram sua carreira
quando se tornou alvo de uma polêmica: prestes a disputar a sua segunda
olimpíada, Tonya teria participação no ataque que quebrou o joelho da sua
colega e concorrente Nancy
Kerrigan.
Dirigido pelo estadunidense Craig Gillespie Eu, Tonya
(2017) é dinâmico, ele mistura a sua narrativa com o humor em situações insanas,
e cenas em que se quebra a quarta parede (quando o personagem fala com o
público).


Gillespie trabalha o filme contando a trajetória de sua
carreira e vida pessoal totalmente problemática, e dentro de cada fato polêmico
é reproduzido depoimentos de Tonya (Margot Robbie), seu ex-marido Jeff Gillooly
(Sebastian Stan), a mãe LaVona Golden (Allison Janney), o seu “segurança”
bizarro Shawn Eckhardt (Paul Walter Hauser) e sua técnica de patinação Diane
Rawlinson (Julianne Nicholson) dando a sua versão para as histórias abordadas.
Margot Robbie se destaca como Tonya sendo o seu melhor
trabalho até o momento. O papel de uma patinadora com uma vida insana a transformou
em quase uma sósia, a prova são os vídeos reais das apresentações de Tonya que foram
feitas por Margot de forma impecável.
Já o papel da atriz Allison Janney como a mãe de Tonya
também é muito bem construída. LaVona é uma das personagens mais excêntricas do
filme, sendo uma boa mãe quando dedica seu dinheiro para a patinação da filha,
mas ao mesmo tempo, sendo a pior mãe do mundo da forma que a trata com rigidez
e desamor.
A escolha de elenco é muito bem construída, percebe-se
todo o trabalho para pegarem os trejeitos dos personagens e isso é confirmado quando
nos créditos reproduzem os depoimentos reais dessas figuras caricatas, e
percebe-se como fizeram um excelente trabalho.
Vale analisar algumas temáticas do filme, como os
relacionamentos abusivos de Tonya durante a vida. Primeiro sua mãe que agride a
filha desde muito nova, sendo até chocante a cena que ela joga uma faca que
acerta a garota. É importante esse destaque no filme, pois mostra que
relacionamento abusivo também acontece entre familiares.
O romance entre Tonya e Jeff, é outro exemplo, pois é um
relacionamento totalmente problemático desde os primeiros meses, os dois
discutem quase o tempo todo, e Jeff a agride incontáveis vezes, e isso só piora
quando eles se casam. O que é interessante analisar é que Tonya olha no começo
para essas agressões como algo nada fora do normal, pois ela viveu sendo
agredida a vida toda e visualiza isso por um tempo como uma forma de amor.



Esse tratamento abusivo pode ser parte do resultado de
Tonya ter feito escolhas que acabassem com seus objetivos, além de conviver
apenas com pessoas que eram toxicas para ela. O filme transmite essa empatia
pela personagem, mas claro, sem descartar os momentos loucos da protagonista.
Outro ponto de destaque seria a mídia, o filme mostra
como um dia as pessoas a amam e no outro a odeiam. No começo do filme, Tonya
ganha conhecimento quando se torna a primeira estadunidense a realizar o salto
triplo axel em competições. Mas depois do incidente com a atleta Nancy Kerrigan,
ela virou de popstar queridinha para a pessoa mais odiada do momento.
Desencadeou a obsessão da mídia que usou todo o caos em sua vida, num grande espetáculo
midiático, e no final do caso, quando Tonya sai perdendo do tribunal, a mídia a
esquece para cobrir o caso do OJ
Simpson.
O filme recebeu três indicações ao Oscar 2018 (Melhor Atriz,
Melhor Atriz Coadjuvante e Melhor Montagem) chega a ser uma injustiça não
nomearem para a maior categoria da noite, pois é uma cinebiografia totalmente
original e eletrizante na forma que é construída.
2 comentários
Oi Isabella! Parabéns pelo blog! Li algumas de suas críticas e, em especial, a "Eu, Tonya" me instigou a ver o filme. Gostei da ideia de "humor sombrio" e, realmente, deve cair bem nesse filme.
ResponderExcluirTenho um blog semelhante ao teu, embora não tão rico em conteúdo e conhecimento quanto o teu. Segue o link caso queiras conferir: https://direitoaocinema.wordpress.com/
Inclusive comentei "5 to 7", sobre o qual tu também fizeste crítica... Posso dizer que aprendi bastante com tuas palavras! Te desejo sucesso! Vou seguir por aqui lendo mais algumas críticas de cinema...
Diogo Conte
Olá, Diogo! Muito obrigada pelas palavras e apoio, fico feliz que tenha gostado dos meus textos :D Dei uma olhada no seu blog e a temática é muito interessante, parabéns pelo trabalho, o seu conteúdo é também muito rico.
ExcluirMuito sucesso, e bons filmes para você.
Abraços,
Isabella Jarrusso