A Mulher Fantástica e a transfobia cotidiana

By Isabella Jarrusso - quarta-feira, fevereiro 07, 2018



Por Isabella Jarrusso


O diretor chileno Sebastián Lelio descreve bem seu novo filme pelo título: A Mulher Fantástica (2017), que concorre ao Oscar 2018 na categoria de Melhor Filme Estrangeiro.

A Mulher Fantástica conta história de Marina e Orlando, vinte anos mais velho do que ela, um casal que aparentemente se amam e fazem projetos para o futuro. Tudo se desmorona quando ele morre subitamente. Marina além de ter que lidar com o luto, é alvo da hostilidade dos familiares de Orlando por ser uma mulher transexual.

A atriz e cantora lírica chilena, Daniela Vega, estreia nas telonas de forma marcante, ela realmente é uma mulher fantástica, além de sua atuação, vemos a sua habilidade de canto impressionante. Sua personagem é forte e pacífica mesmo com todas as injustiças contra ela ao decorrer do filme.

Vega por ser uma mulher trans, desempenha uma atuação aflita, intensa e verdadeira, consegue transmitir o sentimento de empatia. O espectador se coloca no lugar dela e como lida com a transfobia cotidiana desde as formas mais maquiadas aos extremos do preconceito de gênero.


Para uma análise social, a família de Orlando é a figura perfeita da sociedade conservadora, que julga uma pessoa por sua sexualidade e gênero, não só julga como também agridem de forma verbal e física. O preconceito se massifica no filme por ter um relacionamento com um homem mais velho, bem-sucedido, heterossexual e branco, que segundo a ex-eposa de Orlando, a relação foi “pura perversão”.  

Ao decorrer do filme, testemunhamos cenas de transfobia de forma mais comum quando é questionada sobre o seu nome verdadeiro e também na forma mais agressiva e humilhante que Mariana é sujeita.

Vale destacar, que a ficção mostra uma realidade horrível. Em novembro de 2016, a ONG Transgender Europe (TGEu) publicou dados mostrando que o Brasil é o país que lidera o ranking que mais mata transexuais/travestis no mundo. No caso do Chile, se encontra na 14° posição do mesmo ranking.

Sebastián Lelio foca novamente na vida de uma mulher. Em seu longa-metragem Gloria (2013), retratou sobre a vida de uma mulher da terceira idade solteira e com todas as suas complexidades. Agora em A Mulher Fantástica, transmite o sentimento revoltante e reflexivo. Um filme que carrega uma linha de intensidade e sutileza para tratar a temática.

Lelio é um diretor para se guardar o nome, pois com alguns filmes promissores já está se consagrando entre os diretores do cinema contemporâneo.
  
Nota:



Excelente!

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