O exagerado até o fim

By Isabella Jarrusso - domingo, abril 05, 2015



A cinebiografia “Cazuza O Tempo Não Pára”, dirigida por Sandra Werneck e Walter Carvalho, foi um marco para o cinema brasileiro, pois se trata de um filme que conta, de maneira romântica e crua, a história da vida profissional e pessoal de um artista importante nos anos 80.


Agenor de Miranda Araújo Neto, mais conhecido por Cazuza (até pelo próprio, já que só descobriu seu verdadeiro nome na escola), teve sua vida contada no filme de 2004 na pele do então desconhecido e novato Daniel de Oliveira, hoje já um proclamado ator brasileiro. Daniel fez um trabalho excepcional que admiradores do eterno poeta não podem reclamar. Seu preparo para o personagem foi algo pesado. Ele passou um ano para conseguir viver Cazuza, fazendo aulas de interpretação, expressão corporal e voz. E, para a última fase de Cazuza, já bem prejudicado por causa da AIDS, o ator precisou perder 12 quilos. Na verdade, essas cenas foram as primeiras a serem gravadas para o longa.
Daniel de Oliveira interpreta o eterno exagerado Cazuza
O roteiro tem alguns furos, e poderia ser mais completo. Por exemplo, descartou o cantor Ney Matogrosso, responsável pelo sucesso da banda Barão Vermelho, onde Cazuza começou. Ney regravou a canção “Pro Dia Nascer Feliz” e depois “Por Que A Gente É Assim?”, além de ter mantido um relacionamento romântico e de amizade com o roqueiro, para quem dirigiu os últimos shows. Mas o roteiro também tem seu lado positivo, pois mostra bem quem era o Cazuza dentro e fora dos palcos. Seu jeito “exagerado” é bem caracterizado, pois o cantor sempre gostou de exagerar nas bebidas, drogas e sexo, mas também era um gênio exagerado em suas canções.
Toda essa construção é importante para os interessados na historia do Rock e cinema brasileiro, pois Cazuza foi o ícone de uma geração com suas letras de amor e politica. Ele conquistou todos com a sua maneira de ser e agir. Foi também o primeiro artista nacional a enfrentar a mídia, dizendo que tinha o vírus da AIDS em uma época que até beber do mesmo copo de alguém com a doença era proibido. Cazuza foi o exagerado até o fim de sua vida, pois tudo aquilo que ele fez e sofreu, como o poeta dizia em sua canção que é tocada até nos créditos do filme, “Faz Parte Do Meu Show”.
Feliz aniversário, Caju!

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