Quando assisti ao primeiro longa-metragem de Fernando Coimbra, O Lobo Atrás Da Porta (2014), só consegui ficar parada olhando para a telona do cinema, vendo os créditos passar. E mesmo que tenha sido exagero, não me importo. Só sei que depois que consegui me levantar e andar pela rua, junto com dois amigos -que também estavam no mesmo estado que eu-, percebi que tinha acabado de assistir uma obra prima cinematográfica brasileira! Posso dizer que não conseguia me expressar com palavras, tentava explicar o que achei do filme para esses meus amigos, simplesmente não conseguia descrever, mas senti um grande orgulho de mais um ótimo filme nacional.

Em O Lobo Atrás da Porta, depois que uma criança é sequestrada, três pessoas prestam seu depoimento em uma delegacia, sendo elas, Sylvia (Fabiula Nascimento) e Bernardo (Milhem Cortaz) que são os pais da menina desaparecida e por último Rosa (Leandra Leal), que depois de um curto prazo de tempo descobrimos ser a principal suspeita e também a amante de Bernardo. A história segue com os três prestando seus depoimentos, sendo que à medida que cada personagem conta suas versões, que são mostrados em cenas de flashback. Mas aos poucos, vamos tirando conclusões do que não se encaixa e desconfiar e perceber as mentiras.

É um filme eletrizante, que nos prende a história que parecia ser tão simples, mas quando começamos a conhecer mais cada personagem, começa a gerar dúvidas sobre o que irá acontecer na cena seguinte.

Vamos conhecendo o relacionamento de Rosa e Bernardo, que cada vez mais vai ficando mais traumático e perigoso. Em um primeiro olhar, pensamos em Rosa como uma moça delicada que se apaixonou por um homem casado e que não desiste de lutar para conseguir Bernardo só para ela. 

Seu ciúme vai se agravando durante o filme, onde ela usa seu charme, para conquistar Sylvia, a esposa de Bernardo e se torna amiga dela. Assim começamos a ter um outro tipo de olhar para ela, como uma pessoa chantageadora. Por fim quando Bernardo trai a confiança de Rosa quase lá para o final do filme, vemos um terceiro olhar para Rosa, de alguém vingadora. Os personagens vão passando por transformações, do que parecia ser indefesos, vão ficando cada vez mais sombrios.

A câmera brinca com o espectador, a imagem sempre em planos detalhes, focando em partes do corpo dos personagens e deixando um longo tempo parada em uma cena, dando uma certa agonia e um suspense impressionante  no que irá ou não acontecer. O filme fecha com um final surpreendente e inesperado, fechando o ciclo de um grande filme. 



Por Isabella Jarrusso - 19/09/14